Sede da Zarabatana. Na foto o editor Claudio Martini confere o recebimento referente à primeira tiragem.
Apesar do livro não ter sido lançado ainda, vi algumas reclamações quanto ao preço. Poucas, mas válidas. Como sempre fui um questionador de aspectos como este, agora que estou do outro lado acho que posso ajudar a responder esta questão com mais propriedade.
R$30 é caro por 48 páginas?
Sim, é. Mas eu acho que a resposta é um pouco mais ampla. Eu faria mais duas questões agora:
É justo?
Eu ainda não tenho os números fechados, mas a distribuição das porcentagens para os custos de um livro, no geral, são mais ou menos assim:
25% - gastos com a gráfica
15% - editora (que tem gastos, por exemplo, com distribuição, impostos, funcionários)
10% - autor
50% - livraria
Não é uma regra, mas varia em torno disso.
Ou seja, se você pagar R$30 num livro, $15 é pra livraria e $15 é pra dividir entre editora, gráfica e autor. No nosso caso específico, eu e o Felipe não ganhamos um centavo durante mais de um ano que durou a produção (foram 2 anos desde que a idéia surgiu). Nós vamos receber uma porcentagem da venda dos livros. E um detalhe: se não tivéssemos ganhado o Proac, o livro custaria uns R$40, já que tivemos um alto gasto com as pesquisas e teríamos que bancar a gráfica do nosso bolso. Então podem ter certeza que estamos repassando esse desconto para o consumidor.
Não podemos esquecer também que sai mais caro fazer um álbum brasileiro que publicar algo importado. Qualquer coisa com o nome "Batman" na capa chega aqui com seus custos já pagos (pela venda nos EUA), o que já barateia bem o valor. Além disso sua tiragem é muito maior, o que significa que entra bem mais dinheiro e que os custos acabam sendo ainda mais baixos (quanto maior a tiragem, menor o preço por exemplar). Mesmo assim, lembro que quando a Panini publicou O Cavaleiro das Trevas em capa-dura por R$100, muita gente disse que ia encalhar e acabou esgotando rapidinho (o único problema desta edição é o papel não ser couché, na minha opinião. Deveriam ter cobrado um pouco mais e colocado).
Voltando ao Jambocks!, nosso livro terá detalhes em verniz na capa e será em couché com alta gramatura, o que valoriza mais a edição. E encarece mais também. Porém acreditamos que o valor agregado justifica isso. O que me leva a segunda questão:
Vale a pena?
Este é um aspecto mais subjetivo.
Mas quem de nós nunca pagou algo que considerasse "caro", mas que valesse a pena? Uma edição de luxo, um dvd duplo, um cd importado... ou até mesmo um pedaço de bolo numa loja "mais chique". E no final veio aquela sensação "não foi barato, mas valeu cada centavo".
É esta sensação que eu e o Felipe estamos torcendo com todas as forças que fique em quem comprar o livro. Se isso vai acontecer não temos como saber. Cada um tem seu gosto e com certeza não vamos agradar a todos. Mas dou minha palavra que fizemos um enorme esforço para tentar chegar lá. Afinal, também somos consumidores de quadrinhos e quando compramos algo também queremos que o investimento tenha valido a pena.
Agora, um detalhe: os $30 são o preço de "tabela", mas nada impede que algumas livrarias resolvam vender mais barato ou fazer alguma promoção...