Chegamos à rádio CBN em Campinas apreensivos. Não sei quanto ao Felipe, mas eu nunca tinha falado ao vivo num estúdio de rádio antes. Ficamos numa saleta (esta da foto) esperando nossa hora de entrarmos no ar. A tensão foi aumentando conforme ia chegando o horário da entrevista. De repente entram na sala e dizem "podem ir pro estúdio". A gente entra bem na hora que aparece aquele luminoso "no ar". Uma voz gravada anuncia que aquele é o CBN Total e, já sentando na cadeira, o locutor Flávio Botelho olha pra minha cara e diz: "Quem é você?".
"Sou o escritor.. inclusive te mandei um e-mail explicando tudo sobre o projeto do livro... não recebeu?". E ele: "Não li... Olá, são três horas e cinco minutos e estamos aqui com o... (pausa pra procurar num papel na sua mesa)... artista Felipe Massafera que vai falar sobre.... (pausa pra ler o que estava escrito no papel)... um workshop que ele vai dar em Campinas..".
Apesar de alguns equívocos, tudo correu normalmente. O Felipe me apresentou (já que o Flávio não sabia quem eu era) e falou um pouco sobre o mercado de quadrinhos. Tudo ia bem até que ocorre (mais ou menos assim) o seguinte diálogo:
***
Flávio: E o mangá?
Felipe (surpreso): Como?
Flávio: Mangá... o que você acha?
Felipe (tentando abreviar o assunto): Olha... eu não sei ... não gosto muito de mangá, não é a minha praia...
Flávio: Mas a que você deve o sucesso do mangá?
Felipe: Não sei... talvez... bem.. eu acho que a molecada gosta...
Flávio: Sim, sim... Falemos agora, então, sobre mangá!
***
E aí foram os, sei lá, 10 minutos mais divagantes e inúteis das vidas minha, do Felipe e dos ouvintes. Saímos de lá atordoados.. nem falamos sobre o livro (o Felipe ainda tentou, mas o assunto mangá ainda era mais "interessante").
Na saída eu lembrei que a gente teria que voltar no dia seguinte para participar de outro programa da rádio que também nos convidou e resolvi perguntar que horas era pra estarmos lá. Mandaram a gente voltar pra saleta. Depois de uns 5 minutos chega um cara com jeito meio apressado e pergunta se somos nós que vamos no programa do sábado. Eu disse que sim e ele se aproximou com cara de quem ia anunciar uma bomba. Aí seguiu-se o seguinte diálogo:
***
Cara: Olha.... sei que vocês vieram de... de... de onde mesmo?
Eu: Mogi Mirim.
Cara: Isso, Mogi Mirim... pois é.. então... eu sinto que vocês tenham vindo de longe só pra vir gravar o programa de amanhã e...
Eu: Na verdade a gente está aqui porque viemos em outro programa hoje também...eu só perguntei que horas que era pra gente vir no programa de amanhã..
Cara (surpreso): Vieram hoje pra que programa?
Eu: O CBN Total.
Cara: Vocês já foram no CBN Total?
Eu: Já... acabamos de sair de lá..
Cara (explodindo de alívio): Graças a Deus!!!
Eu e o Felipe ficamos olhando sem entender.
Cara: É que a gente cancelou o programa da apresentadora do sábado, mas não avisamos ela ainda. O programa dela não vai mais existir e a gente achou que vocês tinham vindo participar dele... ah, então tá tudo certo... se vocês já gravaram no CBN Total não vieram à toa... bom, tenho que ir...
E saiu.
***
Já no elevador eu comentei com o Felipe "Que coisa, a apresentadora nem desconfia que o programa dela foi cancelado" e um homem qualquer que tinha acabado de entrar, em outro andar, disse: "Ah, todo mundo já sabe, menos ela"...
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