quinta-feira, 14 de maio de 2009

Rio parte 3 - Primeiro Contato

O primeiro evento que fui foi um almoço para comemorar o 22 de abril. Pra quem não leu os posts anteriores, 22 de Abril foi a data que os pilotos brasileiros empreenderam a maior quantidade de ataques no mesmo dia (até então) durante sua participação na 2a. guerra. Mais tarde esse dia ficou conhecido como o Dia da Caça no Brasil. E desde então não só essa data é comemorada como a semana inteira é conhecida como a "Semana da Caça" e tem diversos eventos.

O almoço foi no Clube da Aeronáutica, do lado do Aeroporto Santos Dumont. Aliás, era bem legal (e um tanto assustador) ver aqueles aviões pousando ali pertinho e praticamente sem espaço nenhum. Inclusive ao que me parece a base Aérea de Santa Cruz que falei anteriormente e que fica afastada de tudo, provavelmente se tranformará em aeroporto comercial num futuro próximo. Mas pra quem não é do Rio ou não conhece lá, esse é um dado irrelevante.

Além dos aviões pousando ali do lado, a vista era bem interessante, de frente à ilha fiscal, onde D. Pedro deu a última festa antes de voltar pra Portugal (pelo menos todo mundo que eu conhecia dizia isso.. rs). Além do restaurante (na verdade, dois: um no andar térreo e outro no andar de cima) do lado de fora tem um deckzinho gostoso pra tomar uma cerveja num entardecer. Coisa, que aliás, acabei fazendo depois do almoço.

Antes de ir pro Rio mantive um contato virtual com duas pessoas: O Fernando Mauro e o Luis Gabriel. O Fernando Mauro estava escrevendo um livro sobre o Rui (o piloto que escreveu o livro "Senta a Pua!", base de praticamente tudo que existe sobre o 1o. Grupo de Caça) e o Luis Gabriel é o administrador do melhor site brasileiro sobre o assunto, o www.sentandoapua.com.br . Estava mesentindo um tanto deslocado e e intimidado por ver as figuras que eu só conhecia em livro ali, na minha frente.  Mas aí vi o Luis Gabriel que logo me apresentou ao Fernando Mauro que, com seu jeito, digamos, expansivo foi logo me abraçando e dizendo "Seu filho da puta!!!". 

Daí em diante foi um festival de "olha.. aquele ali é o fulano de tal.. ele que fez tal coisa... aquele ali é tal.. ". Fiquei na mesa do Fernando Mauro com o neto do piloto Kopp e sua noiva e um fã desse pessoal, que era o Mário e estava ali só pra contemplar. Tinha mais um pessoal que não me recordo quem era. Eu levei uma cópia do projeto e deixei sobre a mesa e toda hora alguém vinha dar uma olhada. Até que finalmente fui apresentado para os dois pilotos presentes: o Brigadeiro Rui e o Brigadeiro Meira. Foi uma grande emoção. 

Dos 49 pilotos que lutaram eles são dois dos três que estão vivos (o outro é o Miranda Correia) e são dois dos que tiveram presença mais marcante na guerra. Então mostrei o projeto pra eles. O Rui gostou, mas infelizmente ele não estava muito legal esse dia. Ele tinha tomado muito remédio e dava pra perceber que estava um tanto confuso. Foi triste pra mim vê-lo naquele estado, mas no outro almoço que teve uma semana depois ele estava muito melhor,o que me deixou aliviado. Já o Meira estava bem conciente e parecia encantado com a arte do Felipe. Ele olhava as páginas e dizia "Esse aqui era tal,esse era tal.. ". Lá mesmo trocamos e-mails (aparentemente ele é o mais ligado em novidades da turma e acessa a internet frequentemente). Acabei marcando de ir na casa dele entrevistá-lo.

Quando quase todos já tinham ido embora (foram veteranos e seus familiares, além de militares da aeronáutica dos tempos atuais), o Fernando Mauro nos arrastou para o deck e fomos obrigados a tomar diversas cervejas. Ficamos lá até anoitecer, com o Fernando contando várias histórias. Além do neto do Kopp e sua noiva, estavam presente um amigo deles fotógrafo, o Mateus Rocha (que teve uma relação de pai e filho com o piloto Rocha mas não eram parentes apesar do mesmo sobrenome) e um amigo, os dois de Araraquara e o Carlos Nesti, de Curitiba, filho de veterano. Percebo agora que o relato de minha viagem vai soar pedante para muitos de vocês, pois às vezes vai parecer que é apenas um exercício de memória meu e um registro pessoal para a posteridade. E o é.

Ficamos lá até sermos expulsos (aí entendi porque os funcionários bateram a mão na cabeça e disseram "ele, não.." quando viram o Fernando Mauro) e depois ainda demos uma esticada num boteco (eu, o Fernando e o Nesti). Inclusive foi interessante porque lá percebi o quanto o Rio é permeado de turistas. Tinha vários por perto,  sendo que no boteco tinha uma mesa fora cheia deles. Jovens de vinte e poucos anos vindos de algum lugar da Europa, provavelmente. Na hora que fui pagar a conta o dono do bar disse "não precisa, eles já pagaram". Não entendi, mas fui agradecer. Eles não tavam nem aí... Aparentemente eles deram uma nota de 100 e o dono do bar não tinha troco.. aí eles disseram "pague as cervejas daqueles ali então". Um dia, quando eu for ao Zimbábue, farei o mesmo. 

E assim terminou a primeira noite importante da viagem. Eu estava quebrado, mas com a sensação do dever cumprido. E esperando ansiosamente o próximo evento: a solenidade na base de Santa Cruz, com a presença dos veteranos e do avião P47 que eu só conhecia por fotos desde o começo do projeto, mas nunca tinha visto pessoalmente.

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